13/12/2012 00h15 - Atualizado em 13/12/2012 00h39
Não fosse pela confusão com os jogadores do Tigre, que se recusaram a voltar para o segundo tempo, manchando a decisão da Copa Sul-Americana, a despedida de Lucas do São Paulo teria sido um adeus dos sonhos. O atacante, vendido para o Paris Saint-Germain pelo equivalente a R$ 115,5 milhões, valor recorde para um clube brasileiro, fez um gol e deu uma assistência na vitória do Tricolor por 2 a 0, no Morumbi, destancando-se como a grande estrela do inédito título do clube paulista.
Antes mesmo de a bola rolar, a torcida já agradecia ao jogador, que teve pouco mais de dois anos de equipe profissional. Nas arquibancadas, um mosaico com a mensagem "Obrigado, Lucas". Um pouco mais à esquerda, um balão subiu com uma foto do jogador.
Assim que a bola rolou, Lucas percebeu que seria caçado em campo. Com um minuto de jogo, sofreu uma falta e, no chão, recebeu um pisão nas costas do lateral rival Orban. Levantou, não reclamou e foi para o jogo. Vigiado por até três marcadores, tinha pouco espaço, mas mesmo assim, conseguia aplicar seus dribles. Até que, aos 22 minutos, surgiu o momento que ele tanto esperava. Após passe de Willian José e chute travado de Jadson, quis o destino que a bola sobrasse para a estrela da noite, que teve categoria, limpou os marcadores e bateu cruzado, no canto direito de Albil. Na corrida para a comemoração, o abraço dos rivais e o choro, tão constante nesses últimos dias.
Mas o show estava só começando. Minutos depois, Lucas realizou um novo ato no seu espetáculo ao dar passe primoroso para Osvaldo, que cara a cara com o goleiro adversário, bateu por cobertura e fez um belo gol: 2 a 0 e título praticamente conquistado. Com tudo perdido, os argentinos resolveram apelar novamente. Primeiro, derrubaram Lucas com um carrinho. Em seguida, Orban acertou uma nova cotovelada no são-paulino, que desabou com o nariz sangrando. Após ser atendido, voltou a campo e continuou sendo ameaçado.
Quando Enrique Osses apitou o fim do primeiro tempo, os argentinos cercaram a joia são-paulina. O lateral Orban estava indignado porque Lucas, ironicamente, lhe ofereceu o algodão sujo de sangue que estava no seu nariz. Isso criou uma briga generalizada que teve extensão até o vestiário e provocou o encerramento prematuro da partida.
Lucas não estava nem aí. Após aproximadamente 30 minutos de tensão, veio a confirmação de que o jogo estava encerrado e o São Paulo havia sido decretado campeão. O camisa 7 correu feito um louco e foi ovacionado mais uma vez pela torcida. No palco montado rapidamente, foi abraçado por todos os companheiros, membros da comissão técnica e dirigentes. Recebeu o prêmio de melhor jogador da partida e ganhou sua medalha. Quando aguardava o capitão Rogério Ceni erguer a taça, recebeu um presente que talvez explique a importância que ele, o mais recente ídolo, adquiriu. Ganhou a tarja do camisa 1 e o direito de levantar o troféu, para delírio dos mais de 67 mil presentes.
Depois, sozinho no palco, pegou um microfone e fez um rápido discurso.
- Eu queria agradecer o carinho e o amor de vocês, se não fossem vocês eu não teria o prazer de entrar com essa camisa. Esse título é para vocês. Eu amo o São Paulo e um dia vou voltar a jogar por esse clube – afirmou.
A torcida aguarda ansiosa. Au revoir, Lucas!
13/12/2012 00h44 - Atualizado em 13/12/2012 00h44
A final da Copa Sul-Americana terminou em apenas 45 minutos. Após uma confusão com jogadores do São Paulo ao fim do primeiro tempo e com seguranças tricolores no vestiário do estádio do Morumbi, o elenco do Tigre não voltou para a etapa complementar. Campeões, os jogadores são-paulinos ironizaram a postura dos adversários, que, àquela altura, perdiam a partida por 2 a 0 e ficavam com o vice do torneio.
– O que aconteceu foi que provocaram durante 135 minutos. Bateram todo o tempo aqui e até agora. Talvez eles não esperavam 2 a 0. É muito mais fácil ficar no vestiário do que voltar. Não sei o que aconteceu, dentro do campo houve discussão, mas nada que no futebol não tenha acontecido outras vezes – afirmou o goleiro Rogério Ceni.
Acusações fortes partiram da delegação argentina. O técnico Nestor Gorosito acusou os policiais de terem ameaçado seus atletas com armas de fogo. O goleiro Albil, em entrevista à Fox Sports, mostrou uma marca no peito, advinda de uma suposta coronhada recebida por ele durante a confusão. Imagens exibiram manchas de sangue no vestiário do Tigre: segundo os argentinos, fruto de um confronto com seguranças do São Paulo e também com oficiais da PM.
O meia Jadson também condenou a postura dos adversários. De acordo com o jogador são-paulino, o time de Buenos Aires preferiu discussões e brigas a jogar futebol. Sem maiores informações sobre o que aconteceu no intervalo do jogo, o atleta lamentou o fim precoce do confronto, especialmente devido à presença maciça dos torcedores, que lotaram o Morumbi.
– O pessoal do Tigre é cheio de querer arranjar confusão. Eu vi que tentaram arranjar algo com os seguranças e levaram a pior. Não quiseram voltar para o campo e deram essa justificativa. Isso é feio, é ruim. O estádio estava cheio, com um espetáculo, tinha de ter segundo tempo – disse.
O São Paulo negou oficialmente que seus seguranças tenham usado armas no contato com os jogadores do Tigre. Tanto os torcedores quanto o elenco do Tricolor reclamaram bastante do tratamento recebido na capital argentina há uma semana. Ao saber da recepção hostil que o ônibus adversário havia recebido na entrada do Morumbi, nesta quarta, o dirigente João Paulo de Jesus Lopes assegurou: sem dúvida, não foi pior do que o time paulista passou fora de casa.
Confusão
13/12/2012 00h50 - Atualizado em 13/12/2012 01h17
A diretoria do São Paulo se apressou em rebater as acusações de jogadores e dirigentes do Tigre, de que seguranças armados teriam os ameaçados durante uma confusão no vestiário do Morumbi, na final da Copa Sul-Americana. Como a equipe visitante não voltou para o segundo tempo, o jogo foi encerrado, e o Tricolor ficou com o título da competição.
De acordo com o site do diário "Olé", seguranças do clube paulista agrediram os jogadores do time argentino e sacaram dois revólveres na descida deles para o vestiário ao fim tumultuado do primeiro tempo.
A diretoria do São Paulo negou que os seguranças tenham usado armas, mas o presidente Juvenal Juvêncio não deixou de provocar os argentinos:
- Vamos comemorar duplamente, ganhamos na bola e fizemos eles correrem. Sentiram que iriam levar a goleada e desistiram do jogo - disse Juvenal.
Mais comedido, o vice-presidente do Tricolor, Carlos Augusto de Barros e Silva, tentou explicar o ocorrido.
- Os jogadores do Tigre estavam muito nervosos e tentaram invadir o vestiário. Eram três vestiários. Eles eram muitos, nossos seguranças pediram reforço, e houve um conflito - disse Barros e Silva.
José Francisco Manssur, assessor da presidência do São Paulo, negou veementemente a acusação de que os seguranças estivessem armados.
- Ninguém usa armas. Os jogadores do Tigre queriam invadir o vestiário no intervalo, queriam continuar a briga, todo mundo viu quem queria brigar. E o papel dos nossos seguranças é não deixar ninguém entrar no nosso vestiário. Eles só fizeram o trabalho deles.
A exemplo de Juvenal, Manssur ainda ironizou o comportamento dos jogadores do Tigre.
- Se fosse ou Boca Juniors ou o River Plate, voltavam para campo e jogavam. Mas decidir com time pequeno é difícil.
13/12/2012 00h22 - Atualizado em 13/12/2012 00h57
Rogério Ceni. Nome que lembra conquistas, recordes, idolatria de 15 milhões de são-paulinos. Quis o destino que, aos 39, o goleiro escrevesse um capítulo de superação para vencer o momento mais difícil dos seus 22 anos de carreira. A grave lesão no ombro direito, sofrida durante a pré-temporada no CT de Cotia tirou o capitão dos gramados por seis meses e trouxe à tona enormes dúvidas: Ceni voltaria a jogar futebol? Retornaria jogando em alto nível?
Foram oito, nove horas por dia na sala de fisioterapia. Apesar de tudo que já viveu no futebol, Ceni tinha uma disposição que impressionava a todos, principalmente os mais jovens, como Lucas e Wellington. O volante, que também se recuperava de uma lesão no joelho esquerdo, fez uma aposta com o veterano: quem voltasse mais cedo, ganharia uma camisa autografada do concorrente. É claro que Ceni voltou antes.
A "reestreia" ocorreu no dia 29 de julho, na goleada por 4 a 1 sobre o Flamengo. Nesse momento, o desafeto Emerson Leão já havia sido demitido. Ceni reencontrou o São Paulo nas mãos de Ney Franco. E, após ter convivido com a insegurança em algumas partidas, o goleiro voltou a mostrar tudo o que sabe.
Teve grandes atuações, fez gols (um deles contra o Bahia, de falta, pela Copa Sul-Americana) e voltou a ser o comandante que uma titubeante equipe necessitava em campo. No meio do caminho, chegou a se estranhar com Ney Franco por não concordar com uma substituição durante a partida contra a LDU de Loja, pela Copa Sul-Americana, mas nada que não fosse consertado na base da conversa. A coroação de um ano que parecia perdido veio com o inédito título. O capitão voltou a erguer uma taça após quatro anos.
– O legal é a história, são os quadros que você deixa na parede do CT, do Morumbi e na casa dos são-paulinos. Eu tinha quadros com Waldir Peres, Zetti... O São Paulo tem a torcida que mais cresce no Brasil devido aos títulos que ganha.
Mesmo fechando o ano com uma conquista, Ceni mantém os pés no chão e deixa claro que o São Paulo termina a temporada em débito com o seu torcedor.
– Fomos semifinalistas no Campeonato Paulista, o que é uma obrigação. Na Copa do Brasil, paramos na semifinal. No Campeonato Brasileiro, reagimos muito tarde, mas pelo menos conseguimos atingir o objetivo de garantir vaga na Libertadores. Pela grandeza do São Paulo, sempre temos de pensar em títulos. Por isso, que falo que o ano foi apenas razoável.
– Esse título traz confiança, é legal, mas temos de evoluir. Com a ausência do Lucas, temos de remontar o time para o ano que vem, temos de ser mais fortes. Ainda estamos abaixo do Fluminense, por exemplo. O Corinthians também está há mais tempo junto, mesmo que tenhamos os vencido no Brasileiro.
O desempenho em campo foi tão elogiado que Ceni aceitou o desafio de esticar sua carreira por mais uma temporada. Se der tudo certo, baterá o recorde de Pelé, que atuou em 1.114 partidas oficiais pelo Santos. Na vitória sobre o Tigre, o defensor entrou em campo pela 1.049ª vez. O capitão garante: 2013 será o seu último ano. E, com a Libertadores na alça de mira, projeta o que espera da temporada que começará no mês que vem.
– Conquistar uma Libertadores pela terceira vez seria algo fantástico, coisa que nem Pelé conseguiu. Aí seria algo a ser comemorado. Teremos dificuldades, tenho muita preocupação que esse título possa mascarar alguns defeitos que temos. Mas vamos brigar. É o que o torcedor são-paulino espera.